terça-feira, 29 de abril de 2014

Em Dezembro de 2013, uma onda de indignação e de revolta varreu a comunidade científica nacional. O motivo foi a divulgação dos resultados do Concurso de Investigador FCT 2013 e o conhecimento das incríveis irregularidades que o marcaram. Isso, porém, constituiu apenas a gota de água que fez transbordar o profundo descontentamento dos investigadores que trabalham em Portugal, perante a forma como as instituições do governo os têm vindo a agredir na redução dos seus direitos laborais, perante os cortes maciços nas rubricas orçamentais dedicadas à actividade científica e perante o atropelo nas normas de equidade e de transparência dos sucessivos concursos. Esta onda de indignação estendeu-se às universidades, aos seus docentes e às direcções das faculdades e institutos, cada vez mais apertadas por uma política apostada em esvaziar o ensino superior público, em degradar e precarizar o estatuto profissional dos seus trabalhadores, bem como – e pela primeira vez! – aos directores dos 26 Laboratórios Associados. Entre Dezembro de 2013 e Janeiro do corrente ano, a indignação dos cientistas em Portugal fez manchetes em jornais, fez notícias televisivas, foi coberta em reportagens aprofundadas.
Entretanto, a poeira foi assentando e os protestos reduziram de tom, para a revolta crescer de novo com o anúncio do número irrisório de bolsas de doutoramento e pós-doutoramento que foram atribuídas. A seguir, de novo o silêncio. O governo e a actual direcção da FCT contam com a passagem do tempo para que o conformismo se instale. Contam também com o regresso dos investigadores às estratégias pessoais do “salve-se quem puder”, à concorrência de todos contra todos, a comportamentos de fragmentação e de divisão que estão, à partida, condenadas à derrota. E a desfaçatez da FCT é tal, que já anuncia agora a abertura do Concurso de Investigador FCT 2014, sem que tenha havido qualquer resposta às justíssimas reclamações e exigências que os investigadores suscitaram face às irregularidades do concurso anterior…
Colegas:
A verdade é que nada mudou. A verdade é que todos os problemas que denunciámos em Dezembro e Janeiro permanecem intactos, não havendo da parte do governo e da FCT a mais pequena intenção de os resolver.
É por isso que o Encontro Nacional de Ciência, no próximo dia 3 de Maio, promovido pela Plataforma em Defesa da Ciência e do Emprego Científico, constitui uma oportunidade única para contrariarmos o marasmo que se está a instalar, para mostrarmos à restante sociedade portuguesa a relevância daquilo que fazemos, para nos juntarmos de maneira a pensar, em conjunto, as formas mais eficazes de construir o futuro da ciência em Portugal e as melhores estratégias de luta para defender o emprego científico. Se não o fizermos agora, ninguém o fará por nós!
PARTICIPA!

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